versos obsoletos

ó ser inconcreto, mesquinho e pequeno
que corrompe, deixa corromper e morre pelo mesmo vício,
liberta-te do pecado do mundo, sórdido e atroz,
ó ser fragmentado, alma que deseja viver a sós.

sai, caminha, corre e foge,
foge dos fantasmas, da incerteza, da solidão, da injustiça,
ó ser insignificante, perverso e mortificante.

ai que desespero, desalento alado,
saiam da minha vista suas nuvens negras
que me ocultam o pensar, o sentir, o viver e o próprio ser.

ai que desesperança, angústia inibe a confiança,
desapareçam seus assassinos, seus homicidas,
vocês que me mataram, não a nível físico, pois já estava morto e enterrado, mas ao nível do espírito,
SIM, seus ladrões de almas!
depurem-nos a todos, depurem-nos já!
não deixem nem um vivo para continuar o seu trabalho sujo e desumano,
ai que raiva febril, ai que falso engano.

ah mas eles voltam,
persistentes pragas que assolam a humanidade,
corram com eles daqui para a fora,
façam-no já, façam-no agora!

verdadeiros parasitas da sociedade, sugam tudo o que lhes aparece à frente, dissimulam as vontades, as verdades,
pior que sugarem o sangue (tal como os verdadeiros parasitas), só mesmo o que ESTES fazem,
sugam a alma do homem,
sugam-na até que a comem.

insistem uma vez mais,
e tu, ó ser disperso e incerto,
luta pelo que és, ao invés de te renderes e submeteres às ordens estrangeiras,
verdadeiras ceifeiras da individualidade,
com elas vem a morte,
oh mas que vida a minha,
oh mas que grande sorte!

ah e eu desespero,
queria poder ser omnipresente e omnipotente tal como aquele que dizem que nos criou,
Deus é o seu nome, a sua existência é que ainda ninguém presenciou.
talvez assim pudesse controlar tudo aquilo que me perturba e que me afeta,
que me inibe de ser feliz,
penso e dói, penso e a realidade surge-me de repente,
autêntica serpente que de nada espera para atacar,
verdadeira máquina de matar.

e se estas nuvens negras se recusam a sair é com muita pena minha - ó dor eterna - que sou obrigado a desistir.

ah não pudesse ser eu o guiador do mundo,
autêntico comandante de um navio que intrépido e destemido encara o mundo,
preso por um fio.

Comments

Popular posts from this blog

the birth of death

a inutilidade do útil

celebração necrófaga