a febre dos condenados

e os doentes navegam e rumam e perseguem incessantemente,
perdem-se e choram e tentam eternamente.

a doença que os aflige é um mistério até para ela mesma,
mas que ela existe e persiste, disso eu tenho a certeza.

umas portas abrem-se e outras fecham-se,
umas indicam certeza e as outras desesperança.
mas o que é certo é que nesta andança não há descanso, não há esperança,
não há razão, não há balança,
afinal o que é que é verdade neste mundo de desilusão e mudança?

um dia alguém me perguntou o que era ser doente.
com um sorriso respondi, fingindo estar contente.
"estar doente é a situação premente daquela gente que sente que nunca está contente,
estar doente é saber que não se sabe mas ansiar-se pela verdade.
estar doente é, acima de tudo, ser doente de espírito e alma,
incuráveis e insaciáveis ferramentas inúteis que de tão fúteis se tornam pesadas e incomodativas.
e por isso não, meu querido joão, não estás doente só porque te sentes menos bem.
se estivesses doente (e digo-to como amigo teu), estarias já morto, tal como eu".

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